quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Assim caminha a humanidade...



Ontem vi algo que prendeu minha atenção(e isso tem sido difícil ultimamente). Vi uma criança carregando outra( a irmãnsinha mais nova provavelmente). Era um menino com um olhar assustado que corria com a menina nos seus braços, sendo carregada de lado, toda desajetada, sem nada entender. Eram olhos marcados os daquele menino, que com tão pouca idade já parecia saber o que é sofrer. Onde eles estavam? Em uma favela em São Paulo, sim aquela favela de onde foram expulsas várias famílias.

As terras são de um empresário, sim, alguém que com certeza não morreria de fome se ficasse sem aquelas terras, ou pelo menos se esperasse mais um pouco. Aquela gente sim, depende ou dependia daquelas casas de madeirite. Para o empresário era só isso, casinhas de brinquedo que caiam quase que com um "sopro", para aquelas famílias era um lar, tudo o que eles tinham caindo ao chão em um segundo.

E eu fico me perguntando para que? Para que explusar aquelas pessoas como "cães" que batemos o pé quando queremos que saia de perto de nós(até deles eu tenho pena, quanto mais de pessoas). E aquelas crianças? Pobres crianças, expostas, ficando ao relento. Mas quem é que se importa? Não se pensa mais com o coração, mas com o bolso. No corre, corre em busca do dinheiro, ninguém parou para observar o olhar daquela criança, nos jornais só eu vi duas vezes, mas ninguém comentou, é só mais uma entre tantas. Ninguém parou para ouvir sua mãe chorando sozinha, baixinho, por ver seu filho sentindo fome, frio, ninguém viu essa mesma mãe deixando de comer para alimentar seus filhos. Ela morreria se pudésse para que eles não sofressem, ela faria qualquer coisa para impedir que uma lágrima rolasse dos seus pequenos rostinhos. Mas alguém acha que o "Sr. empresário" dono daquelas terras pensou nisso? Claro que não, ele se quer deve considerar a possibilidade de existir qualquer forma de vida naquele lugar, para ele são só coisas, obstáculos que ele vai tirando do caminho. Ele sequer considerou a possibilidade de conversar amigavelmente com eles(segundo o advogado dele essa conversa aconteceu, sinceramente meio difícil de acreditar), pensar em uma forma de ajudá-los isso com certeza não o faria falir, quem tem tantas terras com certeza não sabe o que é pobreza, se um dia soube, já esqueceu. Prá mim tal ser não é humano, não conhece Deus, e com certeza não sabe muito bem o significado de família.

Só para constar, eu sou contra quem faz coisas como invadir casas e terras como o MST, até porque tá todo mundo careca de saber que alguns vendem as terras que ganham e compram carros e mais um monte de coisa. E eu até acho que algumas pessoas devem ter feito coisas parecidas, tem gente boa e ruim em todo lugar, nesse caso não seria uma excessão. Mas a gente tá falando de famílias sabe?! Tem muita gente que realmente não tinha nada, era aquele lugar ou embaixo de uma ponte. Teve um idoso, cadeirante, que contou que queimaram tudo na casa dele, ele ficou só com a roupa do corpo. Isso prá mim não é desuhumano, sinto muito, não dá prá fingir que isso normal.

Eu não sei se é sonhar demais, mas eu juro que queria viver em um lugar onde essas coisas fossem consideradas, onde essas pessoas fossem vistas como iguais. Afinal de contas ricos ou pobres todos vamos para o mesmo lugar quando morrermos(fisicamente falando) depois cabe a Deus decidir, mas o dinheiro com certeza não vai valer mais nada nesse momento. Ah.. eu queria viver prá ver isso. Quem sabe...

7 comentários:

  1. Ninguém viu, ninguém viu, ninguém viu... Você viu e nos relatou com enorme brilhantismo o que ninguém viu.
    Ninguém viu que o mundo está estranho, que o dinheiro tem um poder dominador que dá medo aos que não o tem em muita quantidade.
    E é assim que caminha a humanidade. Dão passos de formiga achando que são passos de elefantes. Passos aparentemente gigantes. Só aparência mesmo. A humanização está sumindo. Vai chegar um momento em que essas pessoas vão perceber que além de serem pequenos passos sem evolução, são também passos sem vontade.

    Prefiro os passos de formiga dos que tem um coração de elefante aos passos de elefante dos que tem coração menor que a formiga.

    Parabéns pelo texto. E também quero viver pra ver o mesmo que você.

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  2. Vejo que és uma célebre defensora dos direitos humanos, também procuro ser assim. As pessoas acima de tudo são humanas e merecem nosso respeito, seja que credo, etnia ou lugar que perteçam. Parabéns pelo texto!!

    Dimítri Costa: dimitricostacg@gmail.com

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  3. Parabéns pelo blog e pelas postagens, seu blog é lindo assim como você também é. Bjsss.
    Jeferson

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  4. Lindo post, parabéns!

    Gostei da sua maneira de escrever, me agradou muito.

    Quando puder, aparece em meu blog.

    Abraços,

    Douglas Nacif.

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  5. Poisé , marina. primeiro parabéns pelo blog e pelo seu modo de postar; coerente e coeso. qta questão das terras, fica uma dúvida: será que não virarria uma nova favela? será que não seria o governo que teria que idenizar o verdadeiro dono e doar as familias? será que a policia não mostrou despreparo na retirada das pessoas? E o pior, as inocentes crianças que sofrem com esses descasos, dos pais que preferem invadir a trabalhar muitas vezes, da polícia e do governo e dos empresários ganaciosos. aí crescem e ficama amrgem da sociedade, por muitas vezes, e acabam indo para o lado ruim. uma pena, mas é um ciclo viscios. E a nós, cabe a busca de soluções. Belo post1 abs, leandro

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  6. Marina,
    Nao presenciei a situação e não sei dos antecedentes, quem está certo.
    Sou contra todo e qualquer sofrimento impingido por alguém a uma criança.
    Mas nem tudo que parece ser ruim, vem para o pior.
    As pessoas podem se mexer e conseguir coisa melhor que viver em condições sub-humanas.
    Há abrigos. Há trabalho.
    E há uma tendencia de todos procurarem a saida mais facil.
    Viu a noticia de 500 candidatas que se inscreveram numa seleção para uma fábrica, e nenhuma aceitou o emprego para nao perder o bolsa-familia vitalicio?
    Nao sofra por eles.
    Deixe-os encontrar seu caminho.
    Deus dá o frio conforme o cobertor.

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  7. Valeu pelos comentários pessoal todos muito válidos. E eu entendo e até apoio o ponto de vista contrário a posse, ela foi ilegal, sim, mas não pude evitar de me colocar no lugar daquelas pessoas, talvez seja mais coração que razão muitas vezes, o que é bom, as vezes, e outras não. Mas a questão toda não é só a posse em si, mas uma reflexão sobre o ser humano mesmo, sobre o caminho que temos seguido e para onde eles estão nos levando.

    Abraço

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