segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Do It



Do It
Lenine
Composição: Lenine/Ivan Santos

Tá cansada, senta
Se acredita, tenta
Se tá frio, esquenta
Se tá fora, entra
Se pediu, aguenta

Se sujou, cai fora
Se dá pé, namora
Tá doendo, chora
Tá caindo, escora
Não tá bom, melhora

Se aperta, grite
Se tá chato, agite
Se não tem, credite
Se foi falta, apite
Se não é, imite...
Se é do mato, amanse
Trabalhou, descanse
Se tem festa, dance
Se tá longe, alcance
Use sua chance

Se tá puto, quebre
Tá feliz, requebre
Se venceu, celebre
Se tá velho, alquebre
Corra atrás da lebre

Se perdeu, procure
Se é seu, segure
Se tá mal, se cure
Se é verdade, jure
Quer saber, apure

Se sobrou, congele
Se não vai, cancele
Se é inocente, apele
Escravo, se rebele
Nunca se atropele...
Se escreveu, remeta
Engrossou, se meta
E quer dever, prometa
Prá moldar, derreta
Não se submeta, não se submeta..

Mais uma vez as músicas do Lenine, não posso evitar.rs Gosto muito dessa letra, principalmente porque ela é toda movimento e eu creio que isso é o que mais tem faltado para todos, para nossa sociedade de um modo geral. Passa tempo, meses e anos e vemos pouca coisa mudar porque escolhemos assitir a vida ao invés de atuar nela.

Pensem no cenário que temos hoje na política, da distruibuição de renda, nos nossos direitos. Direitos.. Será que ainda os temos de fato? Renunciamos tão facilmente, parece tão barato, tão pouco. As vezes eu confesso que tenho medo, medo do futuro, do que vai ser se ninguém resolver se mover, mas se mover de verdade. É claro que não dá pra generalizar, nunca, mas poucos fazendo muitas coisas, não dá, nem que esses poucos quizessem conseguiriam dar conta de tudo.

Por isso essa mensagem é pra hoje, pra ontem, pra sempre. Do It! Façamos algo enquanto ainda podemos, a ditadura maior de todas é aquela que imputamos a nós mesmos, por medo, por preguiça, por qualquer coisa não justificável, façamos algo e façamos já.

sábado, 11 de setembro de 2010

Mito da caverna moderno




Minha professora de filosofia a uns dias atrás nos deu um desafio que eu amei diga-se de passagem, reescrever o mito da caverna de Platão. Pra mim foi como "jogar o sapo n'água" como dizem, amo escrever e o mito é incrível. Então humildemente eu escrevi e vou compartilhar com vocês, não ficou muito curto, mas se tiverem paciência de ler.rs Aí vai.

Pensamentos de Beatriz

Beatriz vive em um mondo de coisas estranhas, de bichos estranhos que se escondem, ela mal pode vê-los, passam sempre tão depressa. Beatriz mal se enxerga a luz a clareia rapidamente e logo se vai. Ela vaga como um zumbi sem esperança de um dia sair dali. O que estaria acontecendo com todos afinal? Ela ouve contar que um garoto foi morto porque esbarrou em uma mulher com um bebê em um ônibus, depois disso ao andar ela evita encostar nas pessoas, agora além de ela mal falar com a s pessoas ela tem medo de toca-las.

Beatriz começou a ficar com medo de tudo e de todos, começou a desenvolver manias estranhas como a de se lavar o tempo todo e já quase não saia de casa. A mania de se lavar ela percebia que geralmente vinha depois que tocava em alguém em casa, no trabalho, onde quer que fosse. Afinal como não sentir repulsa por homens que se revelavam tão cruéis?

Foi então que Beatriz começou uma busca quase que solitária pelas respostas que precisava sobre o que acontecia com ela. Pesquisou em livros e na internet e descobriu que estava com depressão, mas o que seria isso? Sabia como motorista que depressão na pista significava um buraco ou uma grande baixada, estaria ela então dentro de um buraco? Um dia um amigo(um dos poucos que ela ainda tinha) foi visita-la e lhe disse algo revelador. Ele disse que só tinha depressão quem pensava minimamente sobre a vida, quem refletia sobre ela e não apenas vivia e se acomodava sem se preocupar com o sentido dela. Beatriz então se sentiu especial, ela era diferente da maioria das pessoas, suas buscas a levaram a depressão talvez essa fosse a chave para que ela pudesse sair também.

No dia seguinte Beatriz que estava de licença do trabalho começou a andar pela casa pensando nessas coisas, de repente passou por um espelho grande que ficava em sua sala e parou em frente a ele, sentou-se no chão e começou a olhar cada traço de seu rosto, suas olheiras fundas de noites e noites em dormir direito, o cabelo descuidado. Onde estaria aquela mulher vaidosa e cheia de vida que ela já fora um dia? E então ela começou a fazer uma oração silenciosa, quase que instintivamente, coisa que já não fazia há muito tempo. Abriu os olhos e já se sentia um pouco melhor.

Ela levantou-se e continuou a andar pela casa, onde estariam todos? Lembrou se morava sozinha e tinha poucos amigos. Ela então se encaminhou ao jardim, sim ela tinha um jardim, o que era um privilégio em uma cidade tão grande, mas quase sem nenhuma flor, estava seco, como ela mesma. Ela molhou bem a terra e começou a mexer nela, arrancar as pragas, enquanto o fazia pensava na própria vida, mas “pragas” que foi deixando acumular ao longo do caminho, da solidão do medo. Ela nem sabia mais o que era um relacionamento sadio com a família ou quem quer que seja. Tinha agora 30 anos e estava há uns 5 anos sozinha.

Beatriz começou uma longa viagem para dentro de si mesma, e foi só com ela mesma que ela conseguiu encontrar as respostas que precisava. Os dias foram passando e as primeiras folhas novas foram nascendo em seu jardim, Beatriz acorda bem cedo d penteava, se pintava e ficava bela para ela e para seu jardim, e quanto mais aprendia e compreendia quem ela era, mais se sentia feliz. Até um dia sentir uma paz tão grande que não cabia mais naquelas paredes.

Beatriz saiu de casa e foi contar para todos o que acontecera com ela, com um vestido florido e toda arrumada, o cabelo solto, saia a contar como descobrira que a vida podia ser sim, muito mais bela e possível de ser vivida, e como o contato consigo mesma a deixara mais sensível e mais humana. Mas as pessoas diziam que ela agora sim estava louca e iludida, que a vida não era um conto de fadas como ela imaginava. E ela se perguntava se haveria alguém que pudesse entendê-la.

Com o tempo ela descobriu que sim, essas pessoas existiam, mas não eram tantas assim, teria de se acostumar com a ideia de que sempre se sentiria meio estranha a partir daquele momento, mas não importava mais, ela era mais feliz.