segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Ordem na bagunça
Sabe quando você percebe que sua vida tá uma droga(ou bem perto disso)? Quando você senta em frente a TV para assistir aquele filme da temperatura máxima que você já viu umas "500" vezes, só pra arrumar mais uma desculpa pra não arrumar seu quarto, que tá um lixo, diga-se de passagem. Até porque enquando você adia a arrumação do seu quarto você adia a "arrumação" da sua vida (que você não tá lá muito a fim de arrumar mesmo). Porque se você começar a arrumar vai ter que remexer em tudo, em todos os porões frios e úmidos, naqueles "objetos" que estão lá, escondidos há tanto tempo que estão cheios de bolor.
E você olha para o lado e vê que afinal você tem muito menos amigos do que supunha, os que tem são uns poucos que conquistou a pouco tempo, bem poucos de longa data e de infância "1 0u 2" que você tem pouco contato. E aí as pessoas olham para o seu orkut e pensam "poxa como ele(a) tem amigos!" Mas você sabe que 10 ou 20% da sua lista é de amigos de verdade. A maioria são conhecidos, alguns amigos de infância que você não conversa há uns 10 anos, mas adiciona pensando que pode reatar laços, talvez. Mas aí você percebe que não, eles só te cumprimentam no seu aniversário e pronto. E claro de certa forma é uma maneira de mostrar como a vidinha deles é legal e na verdade você também faz isso, usa o orkut como "vitrine", mesmo que na maioria das vezes nem perceba.
E quando você faz alguma "grande descoberta" na maioria das vezes você nem pensa em contar para algum amigo, pensa que pode dar um post legal, talvez. É esse mundinho virtual nos deixam meio isolados né?
Então você leitor pode pensar "caramba o "dono dessa vida" deve estar a ponto de se matar!" Mas não, porque pode ser o caso dessa pessoa ter um Deus tão incrível que faz com que essa descoberta não seja uma coisa tão ruim, muito pelo contrário. Até porque um dos poucos grandes amigos dessa pessoa diria que "é melhor viver desiludido que iludido". E sabe ele tem toda razão. Eu posso apostar que essa delilusão vai acabar levando essa pessoa para uma vida bem melhor, uma vida mais "real".
. Quarto - + ou - Ok
. Vida - "processando"
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
O "cheiro" das coisas
Foto by eu mesma..rs
Estou aqui curtindo uma nostalgia que nem é minha. Como assim? Vou explicar. Estou ouvindo Roberto Luna, acredito que poucas pessoas da minha/nossa geração conheçam. Ele é um cantor de bolero. Bom, como disse não é da minha geração e eu nem sabia que existia, até o último domingo. É que neste último domingo fui em Divinópolis fazer a prova do Enade, sim aquela que de que eu falei aqui no blog já, a que foi atrapalhada pela parada gay. Pois bem, no fim da prova eu passei na casa do meu tio/avô que mora lá e minha tia. Enfim, conversamos um pouco, ele tava meio angustiado, como tem ficado sempre ultimamente e me parece que ainda mais depois que meu avô, irmão dele morreu. No meio da conversa ele começou a mostrar uns discos e mostrou uma música do Roberto Luna, disse que um dos filhos tinha feito uma seleção e dado pra ele mas que ele só tinha uma música dele "Que murmurem", que não encontrava mais e tal. Aí eu me ofereci para procurar as tais músicas para ele, e nem foi difícil, o problema mesmo é que ele não sabe mexer em internet aí não tinha como encontrar.
Mas a questão é que eu estou aqui agora, ouvindo esse "tal" Roberto Luna. Não é meu estilo favorito, devo confessar, mas ele canta muito bem. E ouvindo ele eu comecei a pensar muito nesse meu tio, no porque dele estar tão triste. Quando eles envelhecem o que resta são as lembranças, não devia ser assim, mas é, tudo lembra alguma coisa. Aqueles tempos de moças na janela, homens dando volta do jardim cortejando essas moças e elas tímidas olhando com o canto de olho. Depois o casamento, os filhos pequenos, os planos, sonhos. E aí começam a pensar, se fizeram tudo o que queriam, se poderiam ter sido mais felizes, enfim se a vida valeu a pena. E mesmo que ela tenha valido ainda resta essa nostalgia, essa saudade sabe-se lá de que ou de onde. Como sei disso? É eu nunca fui velha, mas convivi com dois idosos minha vida inteira praticamente e conversava muito com meu avô, no fim da vida era nisso tudo que ele pensava.
É estranho, mas esse tipo de música o ritmo sei lá, me lembra alguma coisa também que eu não consigo identificar muito bem, mas pelo que me lembro meu avô ouvia essas músicas quando eu ainda era pequena, é que depois ele ouvia mais clássico, chorinho e tal.
É interessante pensar em como nosso mente funciona né? Agora a pouco andando no corredor do meu trabalho eu senti "cheiro de infância". Sabe aqueles cheiros que você sente e não identifica mas que te levou em um segundo para um determinado momento da sua vida? Pois é, isso acontece as vezes comigo, na verdade com todo mundo, de uma forma ou de outra. É alguma coisa ligada a memória olfatal, acho que é isso(será que existe esse termo?). O fato é que sempre que isso acontece nos sentimos meio estranhos, nostalgicos mesmo, nos sentimos mais velhos do que realmente somos, porque esse lugar pra onde somos transportados algumas vezes parece tão distante, tão remoto. Nós meio que "tocamos" esse passado por um instante, ele nos envolve e nos leva a um lugar estranho que já foi nosso mas não nos pertence mais. Por mais que a gente queira não dá pra entrar em uma máquina do tempo e ir lá pra dar uma espiadinha, tentar entender porque determinados "cheiros" nos fazem ficar felizes ou tristes. Meio doido divagar sobre isso né? Mas fala se não é interessante?!
E claro não falo só de cheiros em relação a olfato, mas a visão, audição, enfim, todos os nossos sentidos "trabalham" em nos trazer lembranças. As músicas do Roberto Luna por exemplo tiveram "cheiro" de vô. Não só porque eu ando lembrando muito dele esses dias, mas porque ativaram minha lembrança mesmo. Aquela coisa meio "Déjà Vu". Sei que agora que encontrei essas músicas vou entregar pessoalmente ao meu tio/avô, vou pegar de vô emprestado um pouquinho.
Termino com os versos de um brilhante poeta que fala bem de tudo o que tentei falar, ele simplesmente fala tudo em poucas linhas. Lembrei dele enquanto escrevia.
" No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo,
um carinho no momento preciso,
o folhear de um livro de poemas,
o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."
Mário Quintana
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Prova do Enade em Divinópolis - Um espetáculo de desorganização
Depois do como sempre, brilhante post do meu amigo Ricardo Welbert sobre o tema(http://ricardowelbert.blogspot.com/2009/11/prova-do-enade-em-divinopolis-ofuscada.html), sobrou pouco pra dizer, mas mesmo assim quero deixar algumas observações.
Para quem está completamente por fora do assunto, no último domingo tivemos uma prova nacional, o Enade, que avalia as instituições de ensino. Eu e mais uma galera fizemos a prova em Divinópolis/MG em uma escola chamada Joaquim Nabuco. Pois bem, nós tentamos fazer a prova, porque bem na hora da prova no mesmo dia, no mesmo horário aconteceu uma parada gay, bem em frente a escola. Sim, em frente mesmo, tinha um trio elétrico, com som no último volume, fazendo as paredes da escola tremerem. Agora imagina você fazendo uma prova, com um bocado de questões bem pesadas, com muita coisa pra ler, que exigia muita concentração, com um "barulhinho" desse na sua cabeça. Pois é, a minha foi uma das piores, porque era a que dava pra rua, e a gente tinha a senssação de que tinha uma britadeira na nossa cabeça, só isso.
Depois de um tempo, uma meia hora de prova o diretor foi de sala em sala explicando a situação. Eles tinham um alvará, e por isso não poderiam fazer nada. Agora eu me pergunto, será que a polícia não sabia que haveria a aplicação da prova do Enade ali naquela escola? Com certeza sabia, o que nos leva a uma possibilidade apenas, facilitação pra o evento, o famoso "jeitinho brasileiro". Eu poderia estar muito enganada, mas nesse caso não, entendo um pouquinho disso, o suficiente pra saber que quando se libera um alvará tem que se verificar todos os eventos no mesmo dia, checar tudo e ver se o evento pode ser realizado. Pois é, eu não quero nem entrar na questão de mais ou menos importante. Mas essa prova já estava agendada a um tempinho né? Com certeza, então como é ninguém soube? A direção da escola também tem lá sua culpa, temos que considerar isso. Apesar da boa vontade do diretor, que explicou tudo, e no fim eu até conversei um pouco com ele e vi que ele realmente estava de mãos atadas. Mas assim como a direção dessa "parada" a direção da escola deveria ter checado melhor isso também, porque aí dava tempo de ir contra, já que a data da prova não poderia mudar, mas o a "parada" sim.
Pois bem, fica aqui meu protexto, para essas pessoas que "pregam" tanto o respeito mas são os primeiros a desrespeitarem. E pra que? Pra um evento completamente sem propósito pelo pouco que eu vi, ou melhor, ouvi. Um "batidão" direto, sem muitas palavras, sem conteúdo, que só pegaria mesmo uns desavisados que queriam mais era fazer uma "farrinha". Sei lá, acho que poderiam ter aproveitado melhor o tempo deles, afinal eles destruiram uma prova por nada, só pra "divertir" umas pessoas. Cadê todo o discurso deles? E não é questão de aceitar ou não a "escolha" deles não, nem entro nisso agora. Mas é questão de dar alguma coisa útil para ser discutida, sei lá. Eles pedem tanto por "voz" e quando tem não usam.
Eu sei que a maioria das pessoas não liga muito pra essa prova do Enade não, afinal vale ponto só pra instituição. Mas eu me importo sim e sei que não sou a única, mas pelo que percebi quando conversei com o diretor, somos minoria mesmo, porque pelo que falaram ninguém costuma reclamar de nada, por pior que seja, ninguém se importa. Percebi que ficaram positivamente surpresos com o interesse. Eu acho que muito importante sim, para as instuições de ensino serem avaliadas, e no fim das contas nós ganhamos com isso, porque se não estiverem bem podem ser ajudadas pelo governo, ou podem melhorar o que já está bom. E não é só por "consciência" do governo não, o país é avaliado muito por essa questão, o índice de desenvolvimento humano depende disso, e eles querem ficar bem lá fora, ainda mais agora com copa, olimpíadas, enfim. Pelo menos é o que se espera né? Não por isso, mas pelo Brasil mesmo, pelo povo. Se não for pedir demais. E se essa prova existe é sinal de que a preocupação com a educação, mesmo que em pequena escala, existe, e nosso papel e aproveitar esse tipo de "incentivo" que é tão raro.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
O que posso dizer.. sobre meu avô
Faz tempo já que quero falar um pouquinho do meu avô, até porque eu devo muito do que sou a ele, das minhas conquistas nem tão grandes assim ainda, mas que estão sendo cuidadosamente plantadas. Nas muitas vezes que já pensei em desistir eu pense(entre outras pessoas), nele, no quanto ele ficaria orgulhoso se me visse agora.
É difícil saber por onde começar. Sabe aquela pessoa incrível que marca sua vida e a de todas a sua volta, pois é, é ele. Ele foi um pai, um amigo, um avô incrível. Tenho muitas coisas pra contar sobre ele, mas tem uma muito especial. Bom pra entenderem melhor vou contar um pouco da história dele, brevemente, prometo.
A família do meu avô era de uma família humilde, a mãe era costureira, o pai nunca ajudava em nada em casa, então quem mantia todas as espesas era a mãe. Ela começou a costurar pra fora cada vez mais para manter a família, que era bem grande, e além do marido não ajudar em nada ele a traía. Sei que no fim das contas ele teve um filho com uma das mulheres e minha bisavó ainda criou ele. Não preciso nem falar que meu avô nunca gostou desse pai né?
Pois bem vamos viajar para o futuro. Meu avô conseguiu vencer na vida, se tornou gerente do Banco Real. E isso porque ele estudou só até a antiga 4ª série, ele brincava que se tivésse estudado mais tinha sido dono do banco, eu não duvido. Bom, mas voltando ele estudou e o destino o trouxe aqui pra Cláudio onde conheceu a minha avó. Se apaixonaram e casaram. No dia do casamento deles aconteceu uma coisa incrível! Minha vó conta que quando o casamento acabou ele ficou lá, ajoelho no altar, sozinho e ela nunca entendeu porque. Muito tempo depois ela perguntou o que ele ficou fazendo. A resposta? Estava rezando, ele pediu a Deus para que se por acaso ele fosse trair a vovó e fazê-la infeliz como o seu pai tinha feito sua mãe, para que Deus tirasse a vida dele naquele momento. Fala se não é lindo?! E o resultado? Ele viveu pra fazer a vovó e a família feliz. Acolheu a mim e a minha mãe com nossas vidinhas conturbadas e todos sempre que precisaram.
Não vemos mais homens assim como antes, sim é claro que vemos, homens tementes a Deus, fiéis, sim, eles existem (e eu estou esperando o meu), mas são bem raros. Não vemos mais tanta abnegação, isso sim é amor de verdade. Abnegação das duas partes na verdade né? Minha avó também renunciou algumas coisas, foi uma troca, por exemplo deixou de trabalhar fora, que era uma coisa que ela queria. Meu avô saiu de Frutal, uma das cidades entre as tantas que moraram e onde nasci, e voltou para Cláudio por amor a minha avó. Ele tinha toda a vida dele lá, amigos, a casa deles e tudo que ele gostava tava lá. Ele costuma viajar muito com os amigos para pescar, sair pra bater papo mesmo, beber a famosa cervejinha que ele tanto gostava, enfim, ele tava em casa. Até que ele começou a perceber minha avó triste e perguntou o que ela queria, o que faltava pra ela ser feliz, e ela, disse que queria voltar para Cláudio, para junto da família. Preciso falar o que ele fez? Mais do que depressa organizou tudo, vendeu a casa por um preço bem inferior ao real(porque a casa era muito grande, muito boa), e votaram para Cláudio.
Com a pressa em mudar por causa da minha avó, como disse ele não calculou muito bem o valor da casa e por isso quando chegaram em Cláudio não conseguiu comprar uma casa como queria. O dinheiro foi acabando e eles nunca mais tiveram uma casa própria, mas pra ele tudo bem, a vovó tava feliz, os filhos criados, crescendo na vida, era tudo que ele queria. Só tinha uma coisa que ele queria muito e que não aconteceu.
Antes de sair de Frutal, uns anos antes na verdade ele foi demitido sem justa causa do banco e não recebeu nenhum dos seus direitos e se aposentou com a uma quantia bem inferior a que ele realmente tinha direito. Ele sonhou com isso a vida inteira, mas infelizmente nunca chegou a ver a cor desse dinheiro, o processo durou mais de 15 anos, pelas minhas contas quase 20 na verdade. Essa é a nossa justiça, nem a idade do meu avô fez com que acelerassem o processo.
Pouco tempo depois que ele morreu o dinheiro saiu. Na época que ele morreu eu não estava aqui em Cláudio. Morei a vida inteira com ele mas quando ele morreu eu estava a uns meses morando em Rio Preto/SP. Quase um ano depois eu voltei para Cláudio e acompanhem o fim do processo para conseguir o dinheiro que meu avô tinha direito, até ajudei no processo, dando uma prensa no advogado, coisa que jamais tinha me imaginado fazendo. Sério, eu dei a maior broca nele, basicamente o chamei de irreponsável. Não deu outra, depois desse dia ele ficou mansinho comigo e com minha mãe e aí foi pouco tempo para o dinheiro sair. Ele saiu, uma quantinha bem inferior do que o que meu avô tinha esperado e morreu esperando. Aquele dinheiro pra mim teve um gosto de féu, se eu fosse a única herdeira dele(só uma hipótese, mega remota), eu não ia querer nada dele, porque ele foi uma das razões da tristeza do meu avô nos seus últimos tempos de vida. Aliás foi um dos maiores culpados da sua tristeza durante metade de sua vida praticamente. Mas tudo bem, o dinheiro saiu para minha avó e tem nos valido, a ela e aos filhos quando precisam, e isso era tudo que meu avô queria, poder ajudar os filhos com essa dinheiro, também queria comprar uma casa, mas o dinheiro não chega nem perto de realizar esse sonho dele.
Enfim, eu poderia ficar aqui dizendo mil coisas sobre meu avô, mas o essencial eu já disse. Só posso completar que ele foi um homem incrível, e que mesmo que ele não possa ter deixado a herança financeira que ele tanto queria, o que ele deixou dinheiro nenhum no mundo paga. Ele nos deixou um exemplo de honestidade, respeito. Ele trabalhou uma vida inteira no banco e nunca fez nada de que pudésse se envergonhar, foi honesto, só recebeu aquilo que lhe era de direito. Ele podia ter ficado rico como alguns colegas, se fosse desonesto, felizmente ele nunca foi. Aprendeu com o pai a ser o avesso dele, a ser justo, fiél e do jeito dele, transbordar amor para todos os lados. Enfim, eu tive o melhor avô do mundo, tive nele o pai que não encontrei no meu, o mais sábio, mais leal. Ah... Deixa eu parar por aqui antes que desabe.
E essa é só uma pequena parte da história de Geraldo Magela de Oliveira Castro, o melhor homem que já conheci, e que eu vou amar eternamente.
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