Cá estou de novo, neste momento tentando anotar, traduzir meus sentimentos e sensações enquanto estão a flor da pele, pulsando forte e muitas vezes me deixando atordoada. Falo da minha última experiência no movimento estudantil. Movimento... Eis a questão. Sair do lugar, ampliar os horizontes, crescer(não, não é bem assim que tá no dicionário).rs
Creio ter crescido bastante nos últimos dias enquanto estive no congresso nacional da UNE em Goiânia, na verdade eu passei por uma avalanche de sentimentos, uma montanha russa que horas me levava pro alto e em outros momentos pra baixo, felizmente o movimento do "pra baixo" durou menos.
Não dá pra definir o que vivi lá em 1 post apenas por isso vou deixar aqui um panorama geral do que vivi para destrinchar com mais calma com o decorrer do tempo.
Vi coisas bastante intrigantes por lá, boas e ruins. Vi jovens que tentam se unir enquanto muitas vezes se separam, em "forças" que não servem para mostrar pensamentos diferentes sobre uma mesma coisa, mas na maioria das vezes para disputar "quem grita mais alto", quem se destaca mais, mesmo que negativamente. Obviamente acredito que nem todos lá desejavam apenas isso, mostrar poder, um poder sabe se lá de que. Poder o que? Poder como? Não creio que todos saibam definir bem isso, onde estão e onde querem chegar. Infelizmente já que a tanto a se conquistar em relação a educação no Brasil e os caminhos que serão tomados para se conseguir isso vão definir drasticamente como isso se dará, se essas novas conquistas virão ou não. Novas já que obviamente muito já foi alcançado, mas não quero levar para esse rumo por hora.
Das coisas boas que vi a que mais me chamou a atenção surgiu depois de um acontecimento ruim, mulheres que foram agredidas durante uma discussão sobre o novo código florestal, não estava no local e não vi como tudo aconteceu, o que soube foi da agressão física e emocional que essas mulheres sofreram, uma delas chamada de puta por pessoas presentes no momento. Até aí tudo muito trágico mas felizmente a história não acabou. Vi essas mulheres se levantarem contra o machismo e a intolerância, se unirem e virarem o jogo, mostrar a força que tem. Eu pessoalmente não compro muito a ideia de sexo frágil, nem de qualquer sentimento de inferioridade em relação aos homens, até porque não me sinto inferior em nada, só diferente, isso é claro. Mas foi muito bonito ver essas mulheres provando isso e se levantando em um grito que marcou(pelo menos pra mim), o congresso: "Eu não sou santa, eu não sou puta, eu sou mulher eu sou de luta." É, quem é que pode duvidar disso?!
Bom entre os espantos, os sentimentos a flor da pele, me assustei comigo mesma, com o mundo de possibilidades que se abria, com tudo que eu ainda não sei, minha santa ansiedade, felizmente tive colo pra essas angustias e entendi que não dá pra querer construir um reino inteiro em 1 ano que dirá em alguns meses. Até o começo do ano eu não tinha noção do que era tudo isso e de repente quero entender tudo como se tivesse nisso há anos, é burrice eu sei, coisas de uma mente inquieta e ansiosa. Mas o bom disso é nunca me contentar em engolir nada pronto, é saber ponderar, questionar e poder voltar atrás se preciso, a parte mais complicada da história pra mim, mas tudo bem, faz parte.
No mais só posso agradecer a Deus, a todos os amigos que tenho e aos novos amigos que essa experiência me proporcionou e possibilidade de me sentir mais que uma expectadora da vida, mas cada vez mais poder ter a sensação de estar vida, de poder mudar, de poder acreditar quando muitos acreditam que isso tudo é apenas utopia. Ok, prefiro ser utópica e ter um motivo pra viver que entregar os pontos e achar que nada mais tem solução, pra mim essa seria a definição de morte em vida. Por isso sigo sonhando, acreditando, vivendo e aprendendo. Afinal o que é a vida senão isso?! Errar não é a morte, a morte é desistir, é parar, é não tentar.