quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Falar e ser ouvido..




Das muitas coisas que sempre penso, uma em especial ficou martelando na minha cabeça nos últimos dias, a dificuldade que temos tido na correria do dia-a-dia de ouvir o próximo. Há um mês mais ou menos aconteceu um fato muito triste com uma amiga, ela perdeu uma amiga de infância que foi morta pelo namorado, o caso teve até destaque na mídia, foi um crime bárbaro. O que tem a ver? Bom, estudos mostram que falta de afeto e atenção, principalmente nos primeiros anos de vida, tornam as chances de uma pessoa se tornar um psicopata bem maior, 70%, é bastante. Parece que esse era o caso desse rapaz, falta de carinho, de atenção, que pode ter gerado um bloqueio que no fim virou uma falta de aceitação da rejeição, que acabou levando a morte de uma outra pessoa.

Fico me perguntando o que tem feito com que nos tornemos tão individualistas e insensíveis, a ponto de não estender a mão para quem precisa, não parar por um minuto pra ouvir uma outra pessoa, pra abraçar, dar carinho. Como disse foi comprovado que quando a criança não recebe carinho ela pode se fechar tanto que pode se tornar um psicopata. Pensando nisso soube que um grupo de pessoas vai como voluntário em alguns orfanatos só para dar colo aos bebes, dar carinho, "conversar". Fiquei encantada quando soube disso, alguém ainda se importa, temos que aprender a nos importar também. Assim como uma criança que chora por um colo e não tem pode acabar ficando doente no futuro, isso acontece em certa medida com todos nós. Todos sabemos como é horrível e desesperador "gritar" sem que ninguém escute, quer dizer, espero que nem todos tenham tido essa sensação. Eu já tive, mas no meu caso eu tive a certeza de que a "pessoa" mais importante me ouvia, e Ele se fez presente, meu Deus não me desamparou. Mas para quem não tem nem isso, imagino que deva ser desesperador.

Nesse momento a centenas e milhares e milhões de vozes "gritando" por aí, em blogs, em vlogs, em casa, no campo, em tantos lugares. Com ou sem a tecnologia, se escondendo ou não por trás dessa máquina onde muitos preferem passar o tempo fugindo do mundo real, como no mito da caverna, como se não existisse mais nada. Seja de que forma for há pessoas sofrendo, com medo de tudo e de todos, e pra elas até mesmo um bom dia fará diferença. Afinal o mundo é bem maior que nosso umbigo, podemos criar as máquinas mais modernas e mais rápidas do mundo, ainda não inventaram uma máquina de carinho, e se inventarem que guardem para si, ainda prefiro o real. Por isso se vir alguém sofrendo ao seu lado, tente fazer algo, não precisa ser muito, talvez ela só queira ser ouvida.

6 comentários:

  1. Oi Marina!

    bah, realmente muito legal aquele grupo que vai aos orfanatos. onde é isso? Que ação interessante essa... digna de ser ressaltada. Daria uma ótima reportagem.

    sobre o individualismo eu queria poder achar um culpado, mas é dificil... acho que são vários fatores, mas com certeza, a vida moderna, com seus valores bem deturpados, tem papel de vilã nessa tendência...

    ouvir os outros até é fácil. Difícil é se interessar ao ponto de ajudar. Quantas vezes já senti falta de ter alguém para conversar. Não apenas me ouvir, mas tentar ajudar. Mas confesso que também já agi com egoísmo, as vezes sem nem perceber...

    bom, acho que o jeito é cada um tentar fazer a sua parte né. Deslizes vão acontecer, até porque somos suscetíveis a cometer erros. O importante é ir tentando... hehe

    abração aí, guria!

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  2. Então essa ação é em BH, do caso que eu sei, mas devem existir outros lugares também com certeza. É realmente fantástico! Abraço querido!

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  3. Falar e ser ouvido é um título tão interessante. Parece tão óbvio, quando falamos, algúem está escutando. Certo? Infelizmente não, pelo que voce escreveu aí e várias outras coisas...
    Acho que até mesmo falas sem sons merecem mais atenção, merecem ser ouvidas...

    Acho que é por isos, pensando agora, meio até friamente, que eu tenho assunto pro meu blog e você também. Porque ouvimos coisas que acontecem e ninguém parece ouvir direito. Tenho medo de um dia não ser ouvido, confesso...

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  4. Tem razão Fred, são esses ruidinhos que quase ninguém parece ouvir que fazem todo o sentido a vida. E quanto a ouvir sem que pra isso necessite de som verdade também, tem olhares e gestos que gritam mais do que qualquer coisa, é a senssibilidade pra isso que faz toda a diferença.

    Abraço

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  5. É tão difícil lidar com os nossos sentimentos. O rapaz que matou a namorada, com certeza, não sabia lidar com a situação que estava enfrentando. Além da falta de afeto e atenção, eu acho que muita gente confunde amor com egoísmo. Quando se quer o amor daquela pessoa só para si mesmo, já considero egoísmo.

    Uma coisa eu sei que todos querem: amar e sentir amado por alguém. Às vezes, eu tenho a impressão de que algumas pessoas não querem amar, só desejam ser amadas. Talvez aí esteja uma das origens de tantos problemas de relacionamento.

    Você citou as pessoas que vão dar um colo, um abraço e uma atenção às crianças do orfanato e isso é um bom exemplo. É sabido que os primeiros anos de vida são determinantes para formar o seu jeito de ser. Uma pena que há pessoas dizendo que depois os pequenos serão endireitados. Estão equivocadas ou com preguiça de ensinar a criança o que é bom e ruim.

    Só de mencionar a palavra “orfanato”, eu me lembrei da época que eu era professora de crianças na Igreja onde freqüentava. Teve sábado que íamos visitar as crianças do orfanato. Elas nos recebiam com muita alegria e entusiasmo. Incrível notar como estavam necessitadas de beijos e abraços. Era triste quando íamos embora. “Vocês vão voltar de novo?” Agora estou me perguntando como estarão elas hoje e pedindo a Deus que as ajude por onde quer que estejam.

    Enfim, repito o que eu sei: todos querem amar e sentirem amados. E Deus tem amor infinito por nós e precisamos aprender com Ele. Às vezes, as pessoas não sabem o que desejam ou não admitem que necessitam de amor. Parabéns, Marina, pelo seu bom texto que me fez provocar reflexões. Um abraço carinhoso da Lu!

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  6. Oi, Marina...
    Como somos carentes de alguém pra nos ouvir!!!
    Nenhuma voz fica sem resposta... O bom é quando nós somos o que tem prazer em ouvir!
    Beijão!!!

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